
Imagina como não é, pra um guri, sozinho, sem manual de sobrevivência, solto na rua entre a esquina com a alameda.
Cercado pelo outdoor da propaganda, o importado do farol e o crack, que os meninos usam ali mesmo, sentado na porta da igreja.
Muita tragédia junta, dá tese de doutorado pra uma academia inteira, pena que ele é o objeto de estudo, e de estudo não passou nem da primeira.
Só cursou o fundamental de rua, nesse quesito já é entendido do assunto, conseguiu seu canudo há três madrugadas atrás quando fugia da assistência social pulando um muro.
Vai disputar a vida com as sobras, cães, bêbados e noias. Uma briga entre extinto de sobrevivência, malandragem, malícia e principalmente, quem vai ser o próximo a entrar pra estatística.
Mas menino ligeiro, que tá atento com tudo, não mosca, não cai no barulho. Pega a bolinha e com seu malabares no meio dos carros faz milagres.
Consegue ostentar do seu jeito, usando criatividade e molejo, alegria e felicidade, por entre os becos da nossa cidade...
Texto: Ibu Junior Martins Piradju
Arte: Robert Yo Arte Ilustração
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